segunda-feira, maio 30, 2005

 

Individualismo e concepção

Mais um fantástico artigo que eu encontrei na Net há uns tempos que fala um pouco mais do que é o "conceito" e do problema do relativismo, dentro do tema "Apocalipse". É católico das "Obras Missionárias" e é muitíssimo inteligente.

Tinha-o publicado no "Monstro e Pipocas" pelo que vos direcciono para lá:
http://monstrodaspipocas.blogspot.com/2005/03/apocalipse.html

O artigo original nas Obras Missionárias Online aqui:
http://www.opf.pt/DOCS/JORNADAS04/apocalipse.doc

 

Arte Contemporânea

Hoje, uma questão assaltou-me: o que é ser “contemporâneo”? Todos somos contemporâneos na nossa contemporaneidade ou no nosso “tempo”, e se assim é, porquê o termo “Arte Contemporânea”, não foi ela sempre assim?

Tal questão começou a irromper na minha mente já há dez anos, quando eu, mais ingénuo, perguntei ao meu professor de história de então qual o estilo que hoje vivíamos. Respondeu-me que hoje não havia estilos, poderia-se fazer tudo o que se podia imaginar (não há fronteiras) e fiquei insatisfeito com a resposta, não a compreendi. Reflecti então que este é o primeiro Tempo da nossa História em que não há estilos, e isso tem a ver com a “contemporaneidade” em que vivemos.

Toda esta questão me lembra Heidegger, na sua acepção de Ser e Tempo. No seu pequeno livro “o conceito do tempo” ele define o ser-aí (Daseín) como o próprio Tempo, ou seja o tempo é o que nós somos quando em confronto porque em trânsito para com a nossa própria morte. O tempo, além disso, é individual, o meu tempo entra em confronto com o tempo dos outros, que é diferente, é relativisticamente Einsteiniano. Apenas na partilha desse porvir último do tempo que é a Religião se consegue obter um tempo “nosso”.

Assim podemos nós compreender melhor o que significa “Arte Contemporânea”, ou seja, a Arte daqueles que com o seu próprio tempo se confrontam com o tempo dos outros, dentro de uma comunidade que partilha a Arte como uma musa. A Arte Contemporânea distingue-se assim por ser dialogante e não discursiva, de confrontação e não de partilha, de competição e não de união. A Arte tornou-se meio de comunicação, o que difere de invocação, informação ou inspiração, a Arte é um media através da qual os artistas se “falam”.

Pondo a ênfase na comunicação teremos o problema da semântica. Ao mesmo tempo que a arte se torna livre e dialogante, a sua língua desconstrói-se pela mesmíssima razão, subjectiviza-se e relativiza-se. Cada vez mais é necessário um enorme conhecimento da Arte através não só das disciplinas artísticas como também das psicológicas para se perceber o que cada objecto de arte poderá querer dizer, ou estar a dizer (separo aqui o objecto de arte do artista, que a partir do momento que a concebe, passa a ser leitor da mesma, com um ponto de vista relativo ao nosso). Acontece que temos coisas diferentes a dizer e de modos diferentes, ontologicamente diferente: não mais partilhamos o nosso porvir, e por conseguinte não mais consigo comunicar. Então berramos.

De modo a dialogar, o artista prende-se com um dilema: ou avança sozinho numa busca do seu porvir no campo da arte, perdendo-se num caminho elitista e fantasista, irrealista pois perdido no seu próprio tempo, não mais partilhado com o nosso; ou então diminui a qualidade, complexidade e articulação do seu discurso de modo a conseguir ter ainda “algo em comum” com os outros, cada vez mais distantes entre si. Tal distinção faz-se hoje entre a “erudição” e a “pop”. A Arte perde o seu significado, decaíndo em Naturalismos rendidos à exposição dos medos e desejos, através de formalismos fantásticos dos Efeitos Especiais, ilusionistas por excelência.

Porquê? Porque na sua busca da contemporaneidade, a Arte perdeu a sua própria História. E é na historicidade que o ser-aí / ser-tempo de Heidegger tem a sua concepção. A Arte poderá apenas ser contemporânea de facto se ela não se negar mais à sua tradição de significado, de símbolo e de linguagem, se ela não se negar mais à sua própria temporalidade dentro do tempo, do passado para o futuro, acreditando no seu próprio trânsito. Só assim ela deixa de se estagnar no tempo eternamente presente, só assim ela entra em movimento, e o tempo recomeçará.

segunda-feira, maio 23, 2005

 

Ser Benfiquista

Agora não se calam. Terei de aturar durante uma semana inteira sobre uma matéria que não é nada, quer dizer, não tem conteúdo algum, apenas uma euforia contida durante uma década inteira e que rebenta pelos poros a ulular onomatopeias vindas do país dos macacos?

Hoje basta ligar a TV para perceber porque é que o país inteiro está em crise: dez anos de sofrimento religioso pelo ideal máximo a que o "tuga" consegue aspirar é demasiado penoso para qualquer santo! Nem Jesus aguentou mais de quarenta dias no deserto. Na televisão há quem seja entrevistado solenemente com a alma de dizer: "isto de ser adepto de um clube... quer dizer é inexplicável... por mais que escrevam teorias não dá para explicar!" Especialmente por idiotas cujos únicos livros que compram são as biografias do "Glorioso"...

Percorrem-se as ruas e não faltam camisolas vermelhas há tanto tempo esquecidas no sótão das compras inúteis. A industria têxtil em peso na capital, cheia de emblemas "A nova catedral" ou "ninguém pára o Benfica", cerveja a grades, documentários sobre o Pantera Negra e os grandes momentos do maior clube do mundo...

Mas o que faz este povo Português no seu dia-a-dia, além de bater na mulher e nos filhos, embebedar-se e trabalhar nos entretantos? Não serão capazes de ver que o futebol não passa de um escape à sociedade, uma "distração", um entertainment de grande estofo, um teatro no fundo? Não serão capazes de medir os seus exageros na importância dada às coisas? Não. Ligam a TV e alienam-se ao som anti-melódico dos UHF ou dos Delfins, ou emocionam-se com o ecrân preenchido a vermelho com algumas cabeças à mistura e gritam "Benfica!" de vez em quando.

Eu cá metia-os a todos num centro de autistas. Mas como diria a minha mãe, "who cares?" e alieno-me eu desta situação.

sexta-feira, maio 20, 2005

 

pequeno àparte

Tenho muito carinho por este post muito incompleto mas no qual senti por breves instantes a capacidade normalmente inexistente em mim, de escrever. Tinha de o partilhar!
http://monstrodaspipocas.blogspot.com/2004/09/o-erro-de-zeno.html

 

Essência

Aula de Deontologia especial, prof. Barreiros Duarte a liderar o discurso. "Péssima experiência", diz ele que teve, após a premonição de Victor Consiglieri cinicamente concretizada pela realidade deglutinadora: "Epa, agora que estás a subir na carreira não tens hipótese nenhuma, vais começar a ficar em terceiro lugar..." Concurso atrás de concurso, os meandros do "star system" parecem ser esmagadores, com vitórias ridículas atrás de vitórias ridículas pela parte de quem conseguiu um impacte de marketing no mercado que os outros não tiveram. Diz escrever tudo o que soube durante os trinta anos de carreira que já soma e publicá-lo dentro de pouco tempo, e isso promete!

A par disto, há definições de Arquitectura a dar com pau. A problemática do Pós-Modernismo, Maniqueísmo e Maquiavelismo, Mediatismo! Crise de valores (não existem) = mudança de paradigma. Arquitectura vem descrita em Gaston Bachelard, Heidegger, mas também e porque não Le Corbusier e outros assim? O eterno presente fixado e projectado como um pacote (tiranizado), roupas e sapatos incluídos em Frank Lloyd Wright, mas liberto e democratizado, investigado nas suas possibilidades de mutação, adição e subtracção por Le Corbusier.

Sótão como o contentor das memórias dos antepassados!! (E agora? o que fazer dos telhados horizontais?!?) Gruta, Tenda e Cabana como a base ancestral da arquitectura. Há quem diga que a arquitectura começa no seu entorno, e há quem diga que apenas seja necessário um Dólmen. Teoria da Arquitectura como indispensável para o Arquitecto ao qual cabe saber ONDE colocar cada peça e PORQUE o faz. Saber e poder de mãos dadas.
etc.


É apenas uma lavagem cerebral que tinha de o fazer, e lembrei-me de a fazer aqui. Há que aprofundar uma teoria. Uma teoria que abrace o Eterno dentro da Mutação e a Mutação dentro do Eterno. Uma teoria que estabeleça os parâmetros que devem ser avaliados, uma teoria útil, ou seja, que consiga criar uma BOA arquitectura.

Talvez seja o tempo de parar realmente, parar de estabelecer novas fronteiras no desconhecido da arquitectura, de tornar arquitectura os não-lugares anteriores. Parar de inovar, e começar a compreender tudo aquilo que se passou até hoje. Catalogar não, obrigado, mas experimentar as arquitecturas concebidas e estudá-las segundo a fenomenologia espacial e existencial.

Não bastará já de tanta experiência? De tanta novidade? Ou será que já se tornou a arquitectura em algo inútil, como a moda?

quinta-feira, maio 19, 2005

 

O futuro é de Mies

Imagino a cidade do futuro e ela é transparente. O sonho não é meu, mas irá ser construído.
Não tenho o programa de imagens instalado no computador em que escrevo, resta-me guiar-vos para os links:

http://optics.org/objects/news/10/3/10/concrete3.jpg
Betão transparente...


http://www.sensitile.com/images/blue/Blue2.jpg

http://www.sensitile.com/samples010.gif

Ou em Flash: http://www.sensitile.com

SensiTile.

Algo me diz que vou usar coisas deste género para a minha piscina...

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