segunda-feira, maio 23, 2005

 

Ser Benfiquista

Agora não se calam. Terei de aturar durante uma semana inteira sobre uma matéria que não é nada, quer dizer, não tem conteúdo algum, apenas uma euforia contida durante uma década inteira e que rebenta pelos poros a ulular onomatopeias vindas do país dos macacos?

Hoje basta ligar a TV para perceber porque é que o país inteiro está em crise: dez anos de sofrimento religioso pelo ideal máximo a que o "tuga" consegue aspirar é demasiado penoso para qualquer santo! Nem Jesus aguentou mais de quarenta dias no deserto. Na televisão há quem seja entrevistado solenemente com a alma de dizer: "isto de ser adepto de um clube... quer dizer é inexplicável... por mais que escrevam teorias não dá para explicar!" Especialmente por idiotas cujos únicos livros que compram são as biografias do "Glorioso"...

Percorrem-se as ruas e não faltam camisolas vermelhas há tanto tempo esquecidas no sótão das compras inúteis. A industria têxtil em peso na capital, cheia de emblemas "A nova catedral" ou "ninguém pára o Benfica", cerveja a grades, documentários sobre o Pantera Negra e os grandes momentos do maior clube do mundo...

Mas o que faz este povo Português no seu dia-a-dia, além de bater na mulher e nos filhos, embebedar-se e trabalhar nos entretantos? Não serão capazes de ver que o futebol não passa de um escape à sociedade, uma "distração", um entertainment de grande estofo, um teatro no fundo? Não serão capazes de medir os seus exageros na importância dada às coisas? Não. Ligam a TV e alienam-se ao som anti-melódico dos UHF ou dos Delfins, ou emocionam-se com o ecrân preenchido a vermelho com algumas cabeças à mistura e gritam "Benfica!" de vez em quando.

Eu cá metia-os a todos num centro de autistas. Mas como diria a minha mãe, "who cares?" e alieno-me eu desta situação.

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