quinta-feira, outubro 26, 2006

 

Revestimentos do futuro















Admitamos, mesmo que não acreditemos em teorias apocalípticas, que o crescimento imparável e geométrico do consumo de energia, avaliado em mais de 2% ao ano, vai requerer que o mundo duplique a sua produção energética em 30-35 anos.

Tendo em conta as crescentes dificuldades do sector em corresponder ao consumo, cenários dantescos são criados pelos chamados de "neo-malthusianos", que nos dizem que o mundo capitalista está prestes a acabar de uma forma abrupta, todos os males vão ser purgados e coisa e tal. Não sou tão pessimista embora reconheça que enfrentamos uma crise única na nossa história. Acho sobretudo que esta crise é uma oportunidade.

E o mercado dos painéis solares pensa exactamente o mesmo. Neste post divago um pouco sobre os painéis fotovoltaicos, pois os painéis de aquecimento de águas têm a sua viabilidade económica já completamente assente e comprovada no mercado. Num outro post talvez vos demonstre a sua viabilidade cada vez maior.

Os painéis FV (fotovoltaicos), com um crescimento exponencial que quase duplica a cada ano que passa, novas tecnologias têm rentabilizado cada vez mais o produto, tornando-o mais próximo da sustentabilidade económica individual, isto é, por cada pessoa, casa, telhado.
Vou-vos fornecer uma visão numérica da situação. Hoje em dia um painel fotovoltaico tem uma capacidade de transformar entre 8 a 16% da energia solar em electricidade. Isto significa que em Portugal, no melhor caso, consegue-se por cada m2 de placa fotovoltaica gerar cerca de 15% (eficiência da placa) de cerca de 1500 kWh/ano de radiação total que o sol fornece (no caso do painel estar na horizontal, aumentando para quase 2000 se tiver a inclinação correcta), o que resulta em 225 KWh/ano.

Considerando um consumidor médio português de 3500 Kwh/ano, seriam necessários 16m2 de painel solar para colmatar totalmente o consumo energético (um bom consumidor de energia poderia aumentar este número para 20, porventura 25m2).

Teria o tamanho de uma sala. E caríssimo, com custos actuais na ordem dos 4 €/watt. Um painel de 20m2 teria um preço final (com os acessórios incluídos) estimado entre 15000 a 20000 € (este é um valor deduzido. Não encontrei ainda dados concretos dos distribuidores).
É caríssimo. Mas será viável? Pensemos um pouco. Normalmente estes painéis têm uma vida longa de 30 anos e a maior parte contém uma garantia de 25 anos. Pouca manutenção é necessária, e incide sobretudo nos acessórios. Portanto, teríamos em tese 4500 Kwh criados por ano nesse painel de 20m2 durante 30 anos, resultando num final de 135000 KWh totais. Hoje, o preço do Kwh situa-se nos 0,20 €/Kwh. Mesmo considerando um preço que já sabemos que não se irá manter, pouparíamos 135.000 x 0,20 = 27.000 €. A margem de lucro é algo considerável, mas o payback-time ainda está demasiado longe, 15 anos aproximadamente, havendo ainda que considerar que qualquer energia produzida a mais em determinada altura teria de ser vendida à edp, por um preço bem inferior aos 0,20 € /Kwh, diminuindo assim o valor final de lucro pessoal.
Não é uma solução totalmente viável no presente, a não ser que sejamos um pouco excêntricos. Mas se pensarmos que as inovações actuais da tecnologia estão a baixar os preços para valores como 2 €/w, havendo o objectivo de chegar em quatro anos a 1 €/w, adivinha-se um negócio rentável bastante próximo no futuro, com payback-times na ordem de 3-5 anos, para todos os que possuam uns metros quadrados disponíveis ao sol.

Considerando uma futura crise energética e aumentos sempre crescentes no mercado agora liberalizado, (embora hajam demasiados mitos sobre os preços crescerem ao invés de diminuírem com a liberalização e a diabolização do "grande capital") esta deve ser considerada uma solução para pelo menos começarmos a ter em conta, e, para o arquitecto, que belas oportunidades para explorar novos tipos de revestimentos, novas estéticas, novas imagens, a par de novos funcionamentos, novas estratégias ambientais. Junte-se a elas o inevitável aquecimento de água também por painel solar, colector de águas pluviais e sistemas passivos ambientais, enfim, estará o sonho do Corbusier de uma casa-máquina começado realmente a tornar-se uma realidade?

Para um pouco de mais informação sobre painéis FV:

A imagem em cima é um tecido fotovoltaico que se pode dobrar e levar para qualquer lado, uma nova geração de baterias para, por exemplo, acampar!


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